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Procura-se um touro Senepol

Touro Senepol para cobertura a campo: demanda por essa ferramenta eleva produção de sêmen para comercialização.

Para cobertura a campo de vacas sob qualquer condição tropical

(*) por Daniel De Paula
Tem cara de classificados do jornal oferecendo trabalho. E é quase isso, mesmo. Mas é o reconhecimento da importância que esse tipo bovino está ganhando no Brasil. O emprego dessa ferramenta é cada vez mais uma necessidade na pecuária brasileira, por tudo o que esse taurino adaptado já mostrou de resultado, explicando o crescimento da raça caribenha. Novamente volto a abordar o assunto, como forma de entender o que existe de valorização na venda das fêmeas que formam esses touros.
Tem muita gente que ainda se espanta e não acredita que uma bezerra possa ser vendida por média próxima dos R$ 40 mil. Mas contas simples podem oferecer um esclarecimento convincente.
Primeiro, quero reforçar aqui que nenhum animal Senepol sai por aqueles milhões que viram manchete de telejornal importante. O que é pago em cada animal de cada categoria é porque vale, não custa. Aquela máxima de um investimento, não um gasto.
Tem sido assim por causa do que a raça oferece em suas características naturais de quase dois séculos originárias ainda da Ilha de Saint-Croix. Melhoradas, essas benesses se potencializam e estendem o melhoramento genético observado no Senepol brasileiro, que virou referência mundial, como constatei aqui algumas vezes.
Mas vamos às contas. A responsabilidade de selecionar e multiplicar apenas animais comprovadamente superiores tem garantido os resultados no campo e nas vendas. O objetivo final é o touro, um indivíduo escasso no mercado, porque muito procurado. Aquela velha história do “não tem pra quem quer”. Se até no Nelore é assim, sendo o maior rebanho do mundo, imagine no Senepol, dos mais indicados para o cruzamento industrial, em função de sua capacidade de trabalho e heterose.
Quando existe uma venda especial de touro Senepol em leilão, a média de preços varia entre R$ 11mil e R$ 15 mil. Isso mesmo. Quem já botou um bichão desses no pasto com 50 vacas, tirou 40 bezerros. Meio-sangue ou tricross, pode desmamar aos 8 meses, com 300 quilos e, num mercado em que a reposição varia também entre R$ 1,5 mil e R$ 1,8 mil por bezerro, sobra bastante. Pagou faz tempo! Por isso não tem leilão com quantidade de touro para este ano. O que a turma tem vendido, sai direto da fazenda.
Como a pecuária extensiva tem procurado cada vez mais esse taurino para cobrir a campo no TO, MT, PA e outras grandes áreas pecuárias, não tem dado tempo de levar esse produto a uma vitrine. Daí o título da coluna de hoje.
Isso reflete também no mercado de sêmen, em que o Senepol cresceu quatro vezes. Relatório da Asbia (Associaçao Brasileira de Inseminação Artificial) divulgado sexta-feira, em São Paulo/SP, mostrou a evolução da raça, hoje a terceira em produção. Passou de 63 mil para 241 mil doses, exatamente em função dessa procura. O Senepol deixou para trás outras oito raças (entre taurinos e zebuínos) e está atrás apenas de Nelore e Angus, o britânico mais empipetado no nosso País.
Mas essa competição não é o objetivo do criador de Senepol e nem de quem usa essa raça para produzir carne com 30% a mais de efetividade, além de qualidade. Dos taurinos para o cruzamento industrial, o Senepol tem sido o mais procurado para monta natural por causa de suas qualidades tantas vezes já descritas aqui nesse espaço. E quanto mais falta touro, mais a fêmea ganha importância, desde cada vez mais cedo.
Uma novilha que se qualifica doadora através de vários programas de avaliação recebe o reconhecimento do mercado em termos de liquidez e valorização. Quem enxerga a carência de touros para produzir a campo, entra para a raça. A Associação Brasileira de Criadores de Senepol registra, há cinco anos, crescimento anual de 30% no número de sócios e de animais registrados. Um crescimento sustentável, que penso não ter volta.
Quando se observa que uma fêmea jovem Senepol PO, pela primeira vez aspirada aos 15 meses, pode oferecer um grande número de oócitos, para validar até 70% de embriões (a fresco ou congelados, numa conta arredondada), isso é resultado.
Vamos dizer que uma jovem mãe ofereça por coleta “apenas” seis bezerros, como tem sido o mínimo para as que passam por qualificação. Mantida a estatística de 50% entre machos e fêmeas, paga a bezerra de R$ 40 mil vendendo só os tourinhos da primeira coleta. E ainda sobra pra festa.

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