Senepol é cada vez mais uma realidade, provada em grandes exposições
Quando alguém me perguntava, há seis ou sete anos, “até onde vai o Senepol?”, diante da empolgação com os negócios gerados pela raça, então novidade na nossa pecuária, eu ficava em dúvida sobre o que responder. Não podia prever o futuro, mas no presente de cada dia, de cada bezerro nascido do cruzamento de um touro Senepol com qualquer matriz, pura ou F-1 de qualquer outra cruza, a reposta foi dada com números. E se contra eles não há argumentos, a resposta não sou eu ou qualquer outro criador quem precisa dar. Os resultados desses 16 anos de Senepol no Brasil são a empolgação que a raça promove em quem colhe os seus benefícios no campo. E não tem quem não se empolgue com lucro em pecuária. Pelo menos eu não conheço.
O que me motivou a mais esse texto sobre o taurino caribenho adaptado, inigualável para cobertura a campo dentro do cruzamento industrial, foi mais uma sequência de eventos em que o Senepol se fez presente em regiões até então desconhecidas para os seus cascos fortes, sua exuberância de carcaça, docilidade e virtudes produtivas e reprodutivas. Várias praças se renderam a esse animal que oferece, de cara, sem grande esforço, 30% a mais no resultado dos seus descendentes para abate ou, nos puros, em fertilidade, precocidade e todas as outas características de grande relevância econômica.
Uma dessas praças é a maior pecuária do mundo. Estive alguns dias em Cuiabá/MT, para transmissão da 51a Expoagro, e o primeiro leilão que ofereceu genética Senepol por lá teve uma aceitação tão expressiva que os 20 reprodutores de 16 a 20 meses de média de idade foram negociados em tempo recorde por valor recorde: R$ 18.200,00. Isso mesmo.
Os produtores de bezerros no MT sabem fazer contas e perceberam que o touro vale, não custa. Se a produção de carne no Brasil tem 95% de sua atividade em monta natural, a demanda de touro ainda é muito maior que a oferta e o que o Senepol tem mostrado de eficácia no campo levou a esses valores, pouco maiores que a média de comercialização em 2015 dos touros dessa raça vermelha, de pelo zero e libido acentuada – entre R$ 15 mil e R$ 16 mil.
São inúmeros os relatos de pecuaristas que resolvem experimentar um touro para cada 50 vacas e ver 40, 43 bezerros nascerem avermelhados, com muita produtividade, devolvendo dinheiro no bolso. Daí as contas ficam fáceis. Se pagou R$ 15 mil, precisava de 10 bezerros para compensar. Se na primeira estação de monta der “apenas” 30, dobrou o valor. Na primeira estação! Fora o que vem agregado e bonificado depois no gancho (conversão alimentar, qualidade de carne, etc.).
Essa equação explica o que virou a demanda por Senepol e a escolha de muitos criadores por selecionar a raça. Para fazer bons touros é necessário ter boas fêmeas. E a venda de jovens doadoras identificadas em diversos programas de avaliação tem levado bezerras desmamadas e selecionadas com rigor nas primeiras fases da vida a valores próximos de R$ 35 mil. Se erar um pouquinho o lote, pode vender por até R$ 60 mil cada uma. Há doadoras que já receberam valorizações até maiores, mas é porque valem, devolvem o investimento em produtos que depois também vão se valorizar – não cabe aqui enumerar a escala de preços de algumas delas.
No MT, isso ainda não foi verificado tão claramente, porque a pecuária por lá ainda vai ver os resultados dos bezerros, depois vai querer produzir mais touros para atender demanda e, para isso, vai precisar de doadoras. Alguns dos pioneiros já percorreram esse caminho. Na Expoagro, foi apenas o primeiro leilão, prestigiado por criadores de todo o Brasil, que se fizeram presentes, vendendo e comprando.
Enquanto isso, o Senepol foi se espalhando em exposições onde ainda nunca tinha aparecido (veja no Em Foco). A própria Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol vai contabilizando um crescimento mantido nos 30%/ano (mais de 300 criatórios e 30 mil animais registrados).
O interesse é tanto que, por ser a oferta de touros ainda restrita, o Senepol saltou seis posições no ranking de comercialização de sêmen da Asbia – tornou-se a terceira raça que mais produz no Brasil, segundo dados mais recentes, de 2014. Aquela do não tem para quem quer continua.
Embora muita gente já tenha se convencido disso e da importância de oferecer o pouco que tem com a qualidade que a pecuária moderna exige, está cada vez mais comum ver um animal Senepol exposto, chamando atenção em pavilhões de grandes parques pelo Brasil.
Isso vai dando cada vez mais opções ao mercado. Espalhando cada vez mais bezerros avermelhados pelos campos. E o Senepol vai convencendo o Brasil como grande realidade da nossa pecuária. Porque quem já usou sabe que é bem melhor o vermelho no campo do que na conta bancária.
Em Foco
* Além de Cuiabá/MT, o Senepol estreou nos últimos dias em Três Lagoas/MS, Montes Claros/MG, Paranaíba/MS, Patrocínio/MG e teve a primeira comercialização de touros em Araçatuba/SP, onde fora apresentado em 2014. Na hora em que os primeiros bezerros nascerem nessas regiões, tenho impressão que vai faltar espaço para tanto interesse.
Fonte: Rural Centro